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16/05/2016
``Particularmente, acho os empresários uns valentes!´´



``Particularmente, acho os empresários uns valentes!´´

Primeira mulher a receber o prêmio Personalidade de Comércio Exterior, concedido pelo Sindiex há 24 anos, a economista Marcia Murad foi eleita por unanimidade para receber a homenagem durante o aniversário da entidade, no Itamaraty Hall. Emocionada, em seu discurso, ela agradeceu ao apoio da família, dos amigos e empresários, e dedicou o prêmio a todas as mulheres do setor.

Em uma rápida entrevista, Marcia Murad, que ocupa a gerencia executiva do Sindiex e atua no segmento há 20 anos, fala da premiação, das dificuldades e dos projetos da entidade.

– A indicação do seu nome para receber o principal prêmio do comércio exterior do Espírito Santo foi unânime. Como foi receber essa homenagem?
Foi uma honra muito grande. Fiquei surpresa e sensibilizada com a homenagem e com a indicação ao meu nome.

– Vinte e três empresários e personalidades envolvidas com o setor receberam esse prêmio ao longo das atividades do Sindiex. A senhora é a primeira mulher a ser agraciada com essa homenagem. A responsabilidade é maior? A senhora acredita que a mulher está conseguindo assumir uma posição de destaque no segmento, formado em sua maioria por homens?
Trata-se de um prestigioso prêmio de reconhecimento. Diria que a responsabilidade é igual, e independe de gênero. Percebe-se que apesar de muitas restrições, ainda, cada vez mais as mulheres estão à frente de cargos, pessoas e projetos onde a liderança feminina está sendo apontada como a oportunidade de transformação para velhas situações. Atualmente, as mulheres sabem o que querem e planejam seu crescimento profissional. No segmento de comércio exterior, com muita satisfação, temos visto mulheres exercendo, também, funções operacionais estratégicas, entre elas o controle de gates, vistoria e conferência de cargas, operação de equipamentos de portes diversos e o monitoramento das operações portuárias, atividades antes consideradas exclusivamente masculinas. O mercado de trabalho é exigente e busca profissionais engajados, comprometidos e decisivos para os modelos de negócios, sempre mais sedentos de mão de obra criativa que consiga atender as demandas complexas e apoiadas em metas elevadas.

– Ao longo de 20 anos a senhora transita pelo setor de comércio exterior do Espírito Santo. Atualmente, em um cenário econômico e político conturbados, o segmento sofre sucessivas quedas nas exportações e importações. Na visão da senhora, há luz no fim do túnel?
O cenário atual é preocupante e cheio de incertezas. Além da conjuntura internacional desfavorável, o Brasil passa por período de grave comoção nacional, com reflexos políticos, sociais e econômicos muito negativos. Mas tenho esperança, sim, de que dias melhores poderão vir para o comércio exterior do Espírito Santo e para o País. Se houver um arranjo e consenso de Estado para o retorno à governabilidade - tendo como propósito reformas estruturais que nunca aconteceram, e uma efetiva política econômica, que visem à produtividade, à competitividade, e ao desenvolvimento sustentável do Brasil. Nesse contexto, citando previsões da AEB, também concordo que o comércio exterior, em perspectiva de economia globalizada, é alternativa única para manter as atividades da produção, tentar segurar a queda de empregos, e assegurar a arrecadação de que o governo precisará para sustentar a disciplina fiscal, e colocar o País em rota de crescimento.

– Exercendo um cargo executivo dentro do Sindiex, principal entidade representativa do comércio exterior do Espírito Santo, como a senhora avalia os desafios dos empresários do segmento nos próximos anos?
Para os empresários do comércio exterior, os principais desafios no Espírito Santo relacionam-se à melhoria da infraestrutura estadual para a viabilização das operações de importação e de exportação, e redução dos custos logísticos. São assuntos já muito conhecidos de todos, e que se arrastam por longos anos sem qualquer solução conclusiva. Temos perdido posições no ranking das importações nacionais e cargas para outros portos da Federação, em velocidade exponencial. O segmento de rochas ornamentais, que é um dos pilares da balança comercial brasileira, chegou ao ponto de conter sua expansão, para não ter mais problemas no escoamento da produção. Situação difícil também vivenciada pelo segmento do café, que já exporta cerca de 90% do produto pelos portos do Rio de Janeiro e São Paulo. Além de outros exemplos também relevantes que poderiam ser mencionados. Fora a parte institucional, com muitas leis, normas, regulamentos e exigências excessivas e desnecessárias. A grande expectativa de todos repousa na viabilização de outro porto de contêineres no Espírito Santo para navios maiores, com prospecção e retorno de linhas marítimas, e que venha proporcionar ganhos de escala. Particularmente, acho os empresários uns valentes! Apesar de tantas dificuldades, continuam correndo riscos e rompendo barreiras, mesmo que a duras penas!!!

– Quais são os projetos futuros para a entidade?
A atual Diretoria do Sindiex tem como principal bandeira a integração das entidades governamentais e representativas de classe, com vistas ao fortalecimento de pensamentos e de ações em prol do comércio exterior. Vem trabalhando incessantemente nesse sentido há dois anos, o que deverá continuar tendo em vista um planejamento estratégico interno estabelecido. O Sindiex também vem expandindo suas fronteiras de relacionamento, e somando esforços com entidades de outras unidades da Federação, de modo a avançar na redução da burocracia dos processos, em entendimentos multilaterais, e em questões que atravancam o comércio exterior de maneira ampla. Mais do que nunca, torna-se necessário que se restabeleça, em conjunto (setores público e privado), uma agenda estadual em prol da competitividade do Espírito Santo. O momento é de unidade, para enfrentamento das adversidades atuais e das outras tantas que se vislumbram.






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